Trabalho, experiência e testemunho: Por que um(a) trabalhador(a) decide escrever literatura?
DOI:
https://doi.org/10.53943/ELCV.0125_41-57Palavras-chave:
Literatura, Trabalho, Testemunho, HistóriaResumo
Não é comum que os trabalhadores se dediquem a escrever literatura. Entretanto, esse estudo mapeou um conjunto de livros escritos por trabalhadores: empregadas domésticas, catadoras de entulho e operários têxteis — e, ao fazê-lo, buscou as razões que levaram esses trabalhadores a escreverem. Percebeu-se que o mundo do trabalho e as experiências de vida estabeleceram as balizas dessas obras, e a noção de testemunho é o fundamento mais adequado para pensá-las. A ficção pode surgir na descrição de fatos ou de escolhas feitas, mas o cerne das obras está na reflexão sobre a própria trajetória, sobre o sentido da escrita, que, no vivido, não parecia ter sentido algum. A literatura aparece, assim, como alternativa a uma vida de restrições e violências, em busca de uma saída possível.
Referências
Impressa
Adorno, T. (1998). Crítica cultural e sociedade. Em: Prismas: Crítica cultural e sociedade. Ática. São Paulo;
Alzugarat, A. (1994). El testemonio em la Revista Casa de las Américas. Em: Achugar, H. (org.). En otras palabras, otras historias. Ed. Universidad de la Republica. Montevideo;
Babosa, Z. (1993). Ilhota: Testemunho de uma vida. Secretaria Municipal de Cultura. Porto Alegre;
Basseti, R. (1987). Testemunha de uma vida. Conselho Estadual de Cultura. Vitória;
Benjamin, W. (2018). Ensaios reunidos: Escritos sobre Goethe. (2.ª ed.). Ed. 34. São Paulo;
Bourdieu, P. (1996). As regras da arte: Gênese e estrutura do campo literário. (Trad. de Maria Lúcia Machado). Companhia das Letras. São Paulo;
Candido, A. (2002). Literatura e sociedade: Estudos de teoria e história da literatura. (8.ª ed.). T. A. Queiroz. São Paulo;
Carvalho, L. (1982a). Só a gente é que sabe: Depoimento de uma doméstica. Ed. Vozes. Petrópolis;
Carvalho, L. (1982b). A luta que me fez crescer [Entrevista com Cornélia Parisius]. Ed. Bagaço. Recife;
Dantas, A. (1961). Casa de Alvenaria, história de uma ascensão social. Em: Jesus, C. M. de. Casa de Alvenaria: Diário de uma ex-favelada. Livraria Francisco Alves. São Paulo;
Dias, E. (1983). Um imigrante e a revolução: Memórias de um militante operário, 1934-1951. Brasiliense. São Paulo;
Farias, T. (2017). Carolina: Uma biografia. Malê. Rio de Janeiro;
Hardy, T. (1971). Judas, o obscuro. (Trad. de Otávio de Faria). Editora Abril. São Paulo;
Jesus, C. M. de (1963). Quarto de despejo. Edição Popular. São Paulo;
Jesus, C. M. de (2014a). Diário de Bitita. Editora do Sesi. São Paulo;
Jesus, C. M. de (2014b). Quarto de despejo: Diário de uma favelada. (10.ª ed.). Ática. São Paulo;
Levine, R. M. (1998). Introduction. Em: Jesus, C. M. de. Bitita’s diary: The childhood memoirs of Carolina Maria de Jesus. M. E. Sharpe. New York;
Levine, R. M. e Meihy, J. C. S. B. (1994). Cinderela negra: A saga de Carolina Maria de Jesus. Editora UFRJ. Rio de Janeiro;
Lima, V. E. de J. (1994). Esta história é meio minha e meio de minha mãe... Em: Levine, R. M. e Meihy, J. C. S. B. Cinderela negra: A saga de Carolina Maria de Jesus. Editora UFRJ. Rio de Janeiro;
Meihy, J. C. S. B. (1998). Carolina Maria de Jesus: Emblema do silêncio. Revista USP, 37: 82-91;
Meihy, J. C. S. B. (2004). Os fios dos desafios: O retrato de Carolina Maria de Jesus no tempo presente. Em: Silva, V. G. da (org.). Artes do corpo. Selo Negro. São Paulo;
Oliveira, C. F. de e Prado, D. (1981). Cícera, um destino de mulher: Autobiografia duma emigrante nordestina, operária têxtil. Brasiliense. São Paulo;
Pinheiro, P. S. (1983). Apresentação. Em: Dias, E. Um imigrante e a revolução: Memórias de um militante operário, 1934-1951. Brasiliense. São Paulo;
Rama, A. (1994). Diez problemas para el novelista latinoamericano. Em: Achugar, H. (org.). En otras palabras, otras historias. Ed. Universidad de la República. Montevideo;
Roncador, S. (2008). A doméstica imaginária: Literatura, testemunho e invenção da empregada doméstica no Brasil (1889-1999). UNB. Brasília;
Schwarz, R. (coord.) (1982). Novos Estudos CEBRAP — Os pobres na literatura brasileira, 1, 2;
Seligmann-Silva, M. (2003). História, memória, literatura: O testemunho na era das catástrofes. Ed. Unicamp. Campinas;
Silva, F. S. da (1983). Ai de vós! — Diário de uma doméstica. (2.ª ed.). Civilização Brasileira. Rio de Janeiro;
Sousa, G. H. P. de (2012). Carolina Maria de Jesus: O estranho diário da escritora vira-lata. Ed. Horizonte. Vinhedo;
Thompson, E. P. (2001). As peculiaridades dos ingleses e outros artigos. Org. de A. L. Negro e S. Silva. Editora da Unicamp. Campinas;
Vianna, M. de A. G. (1992). Revolucionários e 1935: Sonho e realidade. Cia das Letras. São Paulo;
Vogt, C. (1983). Trabalho, pobreza e trabalho intelectual. Em: Schwarz, R. (org.). Os pobres na literatura brasileira. Brasiliense. São Paulo;
Williams, R. (1987). Drama from Ibsen to Brecht. Hogarth Press. London.
Digital
Entrevista com José Carlos Sebe Bom Meihy (2014, 17 de maio). Estado de Minas, Caderno Pensar, pp. 1-2. Acedido em 20 de maio de 2025, em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/29-critica-de-autores-feminios/1023-entrevista-com-jose-carlos-sebe-bom-meihy;
Wentzel, M. (2018, 28 de fevereiro). O que faz o Brasil ter a maior população de domésticas do mundo. BBC — Brasil. Acedido em 20 de maio de 2015, em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-43120953#:~:text=Em%201995%2C%20havia%205%2C3,era%20de%203%2C8%20anos.
Downloads
Publicado
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2025 Adriano Duarte

Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0.
Os autores conservam os direitos de autor e concedem à revista o direito de publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite a partilha do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação nesta revista.








