Vade retro fanchono, ave paneleiro!
DOI:
https://doi.org/10.53943/ELCV.0118_09Keywords:
homossexualidade masculina, pornografia, queer, gay historyAbstract
Tendo em conta a raridade dos estudos científicos e médicos sobre a homossexualidade em Portugal no século xix, torna-se essencial, no caso português, relativizar a importância da «invenção do homossexual». De facto, na segunda metade do século xix, os homossexuais tornam-se visíveis na cidade de Lisboa e constituem uma subcultura. Daí a palavra «fanchono», utilizada desde o século xvi como sinônimo de «sodomita» fora do discurso religioso, desaparecer pouco a pouco para deixar lugar a outros termos a condizer com essa nova realidade: fresco, pêssego, sacana, panela ou paneleiro. A partir de um corpus de textos publicados entre 1860 e 1900, tentaremos mostrar como o «fanchono» deu lugar ao moderno «paneleiro».
References
ABC a Rir. (1921, 31 de dezembro). 53: 6
Aguiar, A. (1926). Evolução da pederastia e do lesbismo na Europa: Contribuição para o estudo da inversão sexual. Arquivo da Universidade de Lisboa. 11: 335-620
Almanak Caralhal. (1860). S. n. Paris
Bordas, E. (2013). Comment en parlait-on? Romantisme. 159: 3
Botelho, A. (1982 [1891]). O barão de Lavos. Lello e Irmãos Editores. Porto
Cancioneiro do Bairro-Alto: Collecção de chistosas poesias de um autor patusco offerecidas a certas meninas que fazem certas coisas. (1864). S. n. Cadiz (Lisboa?)
Carvalho, A. (1852). Poesias joviaes e satyricas. S. n. Cadix
Chaperon, S. (2007). Les origines de la sexologie: 1850-1900. Éditions Louis Audibert. Paris
Curopos, F. (2016). L’émergence de l’homosexualité dans la littérature portugaise (1875-1915). L’Harmattan. Paris
Curopos, F. (2018). Contra os queers, marchar, marchar! Via Atlântica. 33: 135-149
Désormeaux, Dr. (s. d.). Pederastia (inversão sexual). Livraria de João Carneiro. Lisboa
Éribon, D. (1999).Réflexions sur la question gay. Fayard. Paris
Fagundes dos Caracois, J. (1881). A libertinagem. S. n. S. l.
Foucault, M. (1998). Histoire de la sexualité: La volonté de savoir. Gallimard. Paris
Freire, B. (1886). Os degenerados. Estudos de Antropologia Patológica. Imprensa da Universidade de Coimbra. Coimbra
Homem-Pessoa (pseud. de Santos Vieira). (1980). O bispo de Beja. &etc. Lisboa
Martineau, Dr., Kelt, Dr. e Willis, Dr. (s. d.). O amor e o vício. Livraria de João Carneiro. Lisboa
Moreau de Tours, P. (1887). Des aberrations du sens génésique. S. n. S. l.
Murat, L. (2006). La loi du genre. Fayard. Paris
Novo Fado Brejeiro. (s. d.). 4: 6-7
Novo Fado Brejeiro. (s. d.). 5: 6
Oliveira Marques, A. (Dir.). (1991). Nova história de Portugal. Editorial Presença. Lisboa. Vol. 11
O pauzinho do matrimónio. (2011 [1881]). Tinta da China. Lisboa
Rosario, V. (2000). L’irrésistible ascension du pervers: Entre littérature et psychiatrie. Trad. G. Le Gaufey, (The Erotic Imagination: French Histo-ries of Perversity). EPEL. Paris
Sá-Carneiro, M. (2001). Cartas de Mário de Sá-Carneiro a Fernando Pessoa. Assírio & Alvim. Lisboa
Santana, M. (2007). Literatura e ciência na ficção do século XIX. Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Lisboa
Downloads
Published
Issue
Section
License
Copyright (c) 2018 Fernando Curopos

This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Authors retain copyright and grant the journal right of publication with the work simultaneously licensed under a Creative Commons Attribution License that allows sharing the work with recognition of authorship and publication in this journal.








