A expropriação dos mestres-artesãos no Portugal contemporâneo (séculos XIX-XX)
DOI:
https://doi.org/10.53943/ELCV.0223_117-133Palavras-chave:
Artes e ofícios, expropriação dos artesãos, Portugal contemporâneo, corporações medievaisResumo
Neste ensaio debatemos a expropriação dos mestres-artesãos no Portugal contemporâneo, com destaque para a génese do processo na época oitocentista, durante a transição para o capitalismo em Portugal, depois de 1820. Destacamos o processo de expropriação, a dinâmica social — entre as formas históricas de trabalho pré-capitalistas e capitalistas — e, finalmente, fazemos uma análise crítica da analogia, realizada no período do Estado Novo, entre as guildas medievais e o corporativismo ditatorial da autocracia burguesa (1926-1974), defendendo que o sistema corporativo encerrava em si uma autonomia e democracia real do trabalho autorregulado na era medieval que não existiu no Estado Novo ou, via de regra, noutras fases contemporâneas, incluindo a mais recente. Neste sentido, trata-se de uma revalorização das artes e dos ofícios medievais a partir de uma perspetiva metodológica fundamentada na centralidade do trabalho vivo.
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